terça-feira, 18 de maio de 2010

Como fazer uma composteira em apartamento?

Já tem um tempo que estou fazendo uma composteira. É uma experiência que se der certo se manterá.

Depois de ler um monte de informações na web sobre o tema, criei coragem e comecei. Tudo bem que eu poderia me vender para o info-marketing e comprar uma vermicomposteira (compostagem com minhocas), mas a ideia não era aderir à sociedade do consumo, ou sociedade do espetáculo. A ideia era fazer um composteira com o que tinha em casa e que poderia ser replicada em qualquer local, mesmo em uma escola!

Enfim, assistir o vídeo abaixo me animou bastante pela simplicidade do processo...



Material usado:

- lixeira velha não utilizada;
- prego longo;
- martelo;
- adubo orgânico (usei um que tinha para verduras, legumes e frutas);
- terra seca (também já tinha de uns vasinhos de plantas que não vingaram);
- lixo (sobras de limão, uvas, abobrinhas, cenoura e casaca de banana);
- folhas secas 

Como tenho postado o andamento da composteira no blog Atitude na Teia que tenho com a Alessandra, vou copiar os passos iniciais e garantir que pelo menos o cheiro não incomoda: saiu de azedo (do limão que coloquei), passando por um acre, tornando-se cheiro de terra molhada! Bem legal! As mosquinhas e o mofo apareceram porque deixei o resto de alimento descoberto de terra, então tem como evitar, apesar de fazerem parte do processo de decomposição do alimento.

Vamos lá: o maior trabalho, se é que foi tão trabalhoso, foi fazer os furos na lixeira. A compostagem para funcionar tem que estar arejada porque o processo de decomposição tem que ser aeróbico. Se for anaeróbico, fede e atrai insetos e pequenos animais indesejáveis. Ou seja, os furos têm que ser grandes o suficiente para ventilar para o processo não se tornar anaeróbico, mas não tão grandes para os pequenos animais não conseguirem entrar. Além disso, tem possibilidade de sair chorume (líquido escuro decorrente da decomposição orgânica) por baixo, o que vale pensar em algo para que a lixeira/composteira não fique sem suporte para tal. Da minha (com 15 dias) ainda não saiu chorume... mas coloco resíduo com uma certa frequência - não todos os dias.

Furar o fundo da lixeira foi tranquilo, usei o prego grande com o martelo e mandei ver... O fundo da lixeira era duro o suficiente para dar sustentação para as marteladas. Mas quando fui para a lateral... Nossa... Tentei com prego grande e não deu certo de jeito nenhum. A elasticidade da lixeira era demais para a martelada e o prego simplesmente não furava. Então tentei furar com um prego um pouco menor... Nada feito. Peguei um prego fino de uns 2,5cm. Opa furou! mas tive que martelar um monte e depois ainda ia ter que colocar o prego mais grosso para o furo ficar maior. Resultado, apelei para minha amiga furadeira! Fez um monte de farelo de plástico de lixeira, pelo menos furou. Usei broca tamanho 4 e talvez seja possível usar uma menor, mas com certeza, nada da maior - os buracos ficariam muito grandes. Aliás, uma das melhores aquisições que fiz para minha casa ao longo de 7 anos foi essa furadeira!

O engraçado é que a furadeira é pesada e eu sou fraquinha nos braços. Resultado? Quase desisti de furar ao longo da lateral toda, mas me enchi de animação, balancei o braço, estiquei e terminei! Ufa...

No final, o chão parecia neve (eu nunca vi de verdade!), neve azul dentro de casa... Tinha um monte de pedacinho de plástico na bancada, na minha roupa e no chão. Como não dava pra simplesmente jogar aquilo tudo no lixo, juntei e coloquei dentro de uma garrafa PET - já vai para a reciclagem mesmo...

Bom, com a lixeira furada, agora é por as coisas pra dentro! Como não sabia que tanto de terra iria sair pelos furos no fundo, coloquei a tampa como apoio no fundo da lixeira só por precaução.

E a ordem de materiais?

- terra seca para forrar o fundo;


- o lixo orgânico propriamente dito - aqui não entra comida cozida nem carnes, peixes ou frango por causa da gordura que tem um processo de decomposição diferenciado e mais lento, mas vale colocar poeira e cabelo de quando varre a casa (muito legal isso!);


- a folhagem seca - aqui usei eucalipto, alecrim e manjerona que tenho sempre em casa para perfumar o ambiente e que coleto no parque aqui perto ou da minha varanda mesmo, além de flores e folhas das violetas e de outras plantas de casa. Aqui vale colocar papel (jornal ou guardanapo), mas nada de revistas (por causa da tinta tóxica) ou embalagens de papel que contenham plástico ou metal (esses não se decompõe).


-  adubo orgânico - num futuro não muito próximo, dois ou três meses, quando a compostagem já tiver feito adubo, é possível utilizá-lo para uma nova compostagem, mas no meu caso, usei o húmus que já tinha para por nas minhas plantinhas.


Depois de colocar tudo, é só misturar a cada três dias cuidando para não deixar resíduos descobertos. Eu mexi na minha composteira durante os primeiros dias todos os dias, mas depois de um tempo passei a misturar e acrescentar resíduos a cada 2 ou 3 dias aproveitando os dias que eu não fazia refeições em casa.

Importante

1. É preciso ter cuidado na hora de misturar o material pois o processo de decomposição eleva a temperatura dos resíduos a algo entre 45 e 55ºC (eu separei um garfo velho para misturar). Aliás, se a temperatura do local de armazenamento estiver muito, muito baixa, é possível que o processo seja atrapalhado. Porém, isto não significa que a composteira deve tomar sol - muito pelo contrário! A temperatura deve aumentar de acordo com o processo natural de decomposição. 

2. A umidade da composteira também deve ser controlada. Sempre que for misturar a compostagem verifique apertando um punhado com a mão: não pode nem esfarelar nem pingar água. Se esfarelar, acrescente um pouco de água. Se pingar água, coloque mais resíduos secos (folhas, flores, galhos, papel, etc.) 

3. A composteira tem que ser tampada para garantir que não irá cair ou entrar nada dentro que não seja o que deve ser colocado lá.

Continuando... Ao checar o fundo (lembra que tinha colocado a tampa embaixo?) não tinha muita terra, ou seja, os furos ficaram de bom tamanho. Entretanto, esse pouquinho de terra todos os dias foi minando minha paciência e depois de uns 10 dias acabei comprando uma bacia no mercado - era a menor que tinha, mas mesmo assim ficou enorme...rs...

Para garantir, a lista de materiais atualizada:

- lixeira velha com tampa não utilizada;
- suporte para a lixeira (bacia rasa)
- furadeira;
- bucha nº 04;
- adubo orgânico (ou húmus);
- terra seca;
- lixo orgânico cru picado (excluir carnes, peixes e aves);
- folhas e flores secas, jornais e guardanapos em menor quantidade (excluir papel higiênico e papéis com tinta, plástico ou metal).

Por fim, coloquei a composteira no cantinho da área de serviço. Talvez não seja o melhor lugar porque ficou embaixo do tanque e pode cair água, mas até então está funcionando.

2 comentários:

Obrigada pelo comentário!