sábado, 16 de novembro de 2013

EAD - o que pensar sobre?

No ano passado, a aluna de uma amiga minha encontrou em contato por e-mail com algumas perguntas sobre EAD. Era para o TCC dela sobre o tema, em um curso de Licenciatura em Computação.

Por acaso, salvei a resposta que enviei. Talvez não por acaso, mas algo para se pensar novamente em outros tempo, com outras experiências e vivências.

De qualquer maneira, ontem, ao formatar minha máquina (tentativa de arrumá-la para não ter que comprar outra), encontrei o arquivo. Como achei que as respostas continuam traduzindo várias de minhas ideias sobre EAD, e outras que ficaram um tanto incompletas, aí vai o que enviei para a aluna - quem sabe alguém compartilha de algumas ou diverge de outras - mas já pensando em reescrever e aprofundar ideias.

Qual a maior dificuldade encontrada pela EAD? 
A inclusão digital! Definitivamente há uma quantidade enorme de pessoas que não sabe usar comandos básicos em um computador e que, hoje, não se limitam mais a digitar um texto ou abrir um navegador de internet. Exemplo? Saber desbloquear pop-up ou autorizar um certificado digital, saber a diferença entre programas de edição de texto, e por aí vai... Apenas fazer uma acesso não é suficiente e, o pior, é que grande parte da população nem chega aí... Depois dessa dificuldade superada, ainda há as questões associadas à disciplina necessária para o estudo individualizado (autodisciplina/ auto-organização) – e isso depende orientações específicas.

Quais as vantagens que a EAD trás a sociedade?
- Pode alcançar uma grande quantidade de pessoas, pois hoje em dia há lan houses e locais com computadores e acesso gratuito à internet (programa Telecentros.BR, por exemplo) em vários locais no Brasil;
- Traz a possibilidade de melhoria de qualificação (que no Brasil é associada à certificação) a mais pessoas;
- Possibilita mais trocas culturais e de informação (algo necessário para um país do tamanho do Brasil) ao mesmo tempo em que desmistifica a ciência produzida na academia como única fonte de conhecimento (isso num curso em que há reais trocas).

Quais as desvantagens que a EAD trás a sociedade? 
Como a EAD depende de tecnologia de última geração, o aluno que não se adéqua à EAD pode cair no perfil de um excluído social (aqui exclusão social vem da exclusão econômica e tecnológica, basta lembrar que computadores pessoais, notebooks, tablets ou acesso fácil à internet não fazem parte de grande parte da população). Isto não significa que quem não utiliza a EAD é excluído digital, porém, como considero a EAD como um meio premente de inclusão digital, aqueles que não lidam bem com a autodisciplina, administração do tempo ou não têm um bom acesso a internet banda larga estão excluídos. Além disso, percebo que a tendência tem sido o uso de tutoriais e ferramentas que nem sempre estimulam trocas, algo fundamental para o aprendizado e para garantir a motivação (há pesquisas que mostram que onde há discussões/conversas sobre um tema, a absorção do conteúdo pode chegar a 80%, muito mais que leituras, ouvir palestras, entre outros).

Como o profissional licenciado em computação pode vir a contribuir com a EAD? 
Acho que sua presença na área da produção e oferta de um curso traz uma visão mais ampla e ao mesmo tempo específica das possibilidades de uso das ferramentas, facilitando o diálogo entre o objetivo, o conteúdo do curso, público alvo e ferramenta utilizada/ disponibilizada. Um profissional desse tipo também pode trazer/ propor soluções não alcançadas por quem não tem uma visão sistemática da tecnologia.

Quais são os desafios futuros para a EAD? 
Inicialmente, pensei que poderíamos precisar repensar formatos de cursos e uso de ferramentas de interação. Entretanto, sem deixar o tema de lado, é fácil esbarrar na especificidade dos extremos do público-alvo: os não incluídos digitais e os praticamente autoditadas. Isso sim é um desafio! Ofertar cursos para ambos os públicos sem ser desafiador ou enfadonho ao ponto de desestimulá-los e, consequentemente, gerar evasão. Além disso, novamente, há o essencial trabalho da tutoria, que a cada dia mais trata do estabelecimento do vínculo entre pessoas... Somos natural e socialmente dependentes.

Um comentário:

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