terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Criação dos filhos...

A notícia na revista Época que deu o que falar foi sobre uma mãe sino-norte-americana que lançou um livro contando como cria suas filhas: altamente disciplinadora, com regras rígidas e arrisco dizer controladora e de certa maneira castradora (?!).

http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EMI202632-15228,00-MAE+DURONA+CRIA+MELHOR+OS+FILHOS.html

Não entendo que a criação de uma criança deva ser nos moldes que foram apresentados na reportagem e adotados pela mãe citada, mas também não acredito que seja libertário... Nunca é... Mesmo que os pais intentem ser libertários já estarão sendo controladores pela opção que fizeram e de certa maneira estarão expondo ao convívio da criança - que de início é único!

Acho que toda criança tem uma personalidade própria e os pais devem ter bom senso para saber o momento de conversar, podar, proibir, deixar, e por aí vai. Como se fosse uma visão externa do que acontece, um exercício de objetividade na criação dos próprios filhos... Tudo bem... Não tenho filhos, então não posso falar... Mas se serve tive muitos alunos... E tenho irmãos... Um monte deles... E para cada um com uma personalidade diferente, a criação e a maneira de lidar tem que ser diferente.

- Dar castigo para um e para o outro por tabela é injusto - com isto a injustiça é ensinada a ser tolerada.
- Deixar que as diferenças sexuais privilegiem um ou outro irmão incentiva a discriminação de gênero, o machismo, a misoginia.
- Sempre que vai ao mercado comprar guloseimas que são insistentemente pedidas é ser permissivo - a criança precisa aprender que nem sempre tem o que quer, que nem sempre é legal comer açúcar ou que nem sempre o dinheiro é para gastar com aquilo.
- Deixar os filhos voltarem para casa na hora que quiserem é não estabelecer horários saudáveis (todos sabemos que fazemos o que quer que seja a qualquer hora, não é isto que faz a diferença numa criação!) - a criança precisa aprender a respeitar o próprio corpo e cuidar da própria saúde.
- Comer nas horas certas, quando estiver com fome - comer sem fome nos faz mal, neste caso se não quer almoçar agora, almoça depois... Mas é almoço e não lanche!
- Dizer para não comer biscoitos recheados cheios de gorduras e açúcares que não fazem bem, não é legal quando estão à mostra no armário. Isso é fazer passar vontade. Vale então comprar biscoitos naturais de mel e cenoura, aveia e mel, abacaxi e aveia e por aí vai. Isso sim são biscoitos gostosos e saudávei!
- Ir fazer trabalho em grupo na casa dos colegas todos sabemos que não funciona! Trabalho em grupo não funciona.... Não para os pequenos e mais ou menos para nós grandes... Acaba que cada um faz um pedaço e então juntam tudo. Assim, não precisam ir mesmo!

Mas como pais, também não vale dar bronca na frente dos outros, gritar com as crianças, não vale conversar com elas como bebês mas como gente...

Nossa são muitos Não e Sim! Chega cansar.... A questão é que tem uns Sim e Não que são mais fáceis de dizer, fazer ou permitir. São Sim e Não que facilitam a vida mas que podem deixar os pequenos mal educados. Crianças que mexem em tudo, que gritam no meio da rua e dão chiliques... Isto só acontece por que houve cessão. A criança deu chilique algumas vezes para pedir algo, conseguiu o que queria e agora repete o comportamento. A criança grita porque alguém grita com ela, fala alto com ela ou ela mesma grita e consegue o que quer... Noossa... Cansei mesmo...

A verdade é que não existe regra. Não existe receita. Caso contrário os filhos dos estudiosos na área do comportamento humano e desenvolvimento infantil seriam seres humanos exemplares... Nada feito. Cada pai e mãe lida com os filhos da melhor maneira possível (mesmo que seja a pior maneira para alguns padrões!). E no final, ainda tem a criança que vai lidar com isso bem ou não... Traumas, não traumas, lembranças, esquecimentos, superações ou não.

No fundo cada ser humano é diferente o suficiente do próximo para ser, de acordo com Tardif, 100% ele mesmo, 100% resultado do convívio social e 100% biologicamente humano sem sermos 300% alguma coisa, mas sermos nós mesmos na nossa individualidade, com nossos pensamentos e tudo aquilo que tem um ponto de vista sempre muito particular: o próprio ponto de vista. Um ponto de vista com marcas mas que é único, especial, insubstituível, indivisível. Cada um de nós com a criação que tivemos vamos nos superando ou não... E é isto que faz cada um de nós um! E é isto que faz com que sejamos uma sociedade com pontos de vista diferenciados e que na tentativa de entrar em acordo tendo em vista as contradições que se apresentam, de alguma maneira cresce, desenvolve-se.... Mesmo que às vezes seja apenas desenvolvimento econômico de poucos... mas daí é outra história...

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