quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Quem vem primeiro? Pluft ou Gasparzinho?

"Toda a busca do ser está fadada ao fracasso; esse mesmo fracasso, porém, pode ser assumido. Renunciando ao sonho vão de nos tornarmos deus, podemos satisfazer-nos simplesmente em existir"Simone de Beauvoir...

Sim, claro, não poderia deixar de ser, pois, afinal, que simplicidade em desvendar mitos e histórias de devenires que não se encontram no aqui e no agora, mas numa projeção mental em relação a qual sequer nos damos conta?

Nietzsche matou Deus, Simone matou Deus, por que a alusão à morte como estado destrutivo do que não existe a não ser em nossa ignorância? Não estou falando essencialmente de Deus, mas do que criamos à nossa imagem e semelhança (hehehe, e não o contrário) para a justificativa de uma predestinação da qual nosso umbigo egoíco faz parte como protagonista...

O devenir do Paraíso, do Céu, do Nirvana (um não-devenir, mas, enfim), tudo em nossa parca mente de 5% de capacidade desenvolvida parece desembocar numa quebra de sentido de pertencimento no aqui e no agora, porque, com o continuum quebrado, rompido, imputando-lhe uma perspectiva de vir-a-ser (ou não-ser, mas devir), o presente adquire o fardo de ser simplesmente uma "etapa" na jornada da alma, com ulterior libertação. Daí, nada do que está no aqui e no agora vale mesmo a pena, pois o devenir é certo, bem como o Julgamento da minha alma.

Com isso, com a perpetuidade da alma, tudo aqui vai para o saco (desculpe, falei assim, mas estou sendo super feliz e não estou com raiva, não!) Hehehehehe, matamos a Natureza, poluindo rios, lagos, assassinando animais e acabando com a possibilidade de devenir porque o futuro será mesmo no Paraíso.

Anestesiamos, pois, nossa alma para que a indiferença ao que se passa aqui (se passa, não, o que se constproi aqui, como ato de vontade NOSSA) seja a mola da destruição... Uhuuu, sejamos, pois, todos e todas, Plufts, Fantasminhas... Ou melhor, Casper, the friendly ghost!

5 comentários:

  1. O que será mais anestesiante: acreditar e viver tão somente no aqui e agora, intensamente (contudo sem expectativa de eternidade da alma, o que por certo, conscientemente ou não, proporciona angústia constante em relação à morte), ou abster-se em parte do atual estado (ou fase) em que se encontra a alma, mas com expectativa de eternidade?

    Vê? Qualquer das perspectivas evitam algo incômodo.

    Talvez ambas sejam tentativas (incompletas) de lidar com a pior das certezas: a morte.

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  2. Ia postar um comentário à mensagem acima, mas ficou muito grande. Postei no blog...rs...

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  3. Não sei, mas não concordo com a afirmação de ser a morte a pior das certezas...

    Ela só é pior se invocamos a não-existência como dado inexorável, mas, dentro do que está sendo estudado (qualquer que seja o paradigma científico), parece que o fim nem é tanto fim assim.

    O nosso etnocentrismo (e nosso preconceito eurocêntrico de racionalidade) nos impele para essas crenças...

    Sim, talvez esteja querendo polemizar no sentido de abalar estruturalmente o campo de conforto e falsa certeza que segue a filosofia do extermínio...

    Gosto muito do stop movie O ETSRANHO MUNDO DE JACK, pois reflete o inverso do oposto...

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  4. Ok, pode não ser a pior para alguns, que seja então simplesmente certeza. A certeza por si só é incômoda, como tudo que se diz absoluto. Pois o que não é, ainda nos dá algum espaço para a esperança ou outra expectativa.
    O fato é que ninguém está pronto para morrer, ninguém deseja isso, tampouco está livre dos próprios instintos mais primitivos de autopreservação, por mais consciente que esteja de seus temores. E a forma como lidamos com a morte e o que vem (ou não) depois dela, é o que define como viveremos. Sempre buscaremos uma maneira mais agradável possível para encarar (ou não) o fato. Cada um toma decisão a seu gosto.

    No meu modesto (e talvez até limitado) ponto de vista, a temática existencialista (conforme citação de Simone de Beauvoir) me remete à seguinte expressão:

    "Comamos e bebamos, por que amanhã morreremos".

    Só pra constar, quem a usou foi o poeta e profeta judeu Isaías.

    Ah, gostei muito do post seguinte, da Juliana.

    Um abraço para vocês!

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  5. A morte pode surgir, em certa medida, como certeza, apenas porque se dimensiona em termos do que achamos ser uma finalização orgânica (o pulso, o coração, o limite do visível aos sentidos, nada mais)... Tal aparência de certeza (ou o que se doa para nossa apreensão) pode compreender apenas parte do significado que geralmente os fins representam...
    Não que necessariamente ela ou eles (os fins) sejam, em si, absolutos, mas a dimensão que fazemos deles, em relação à maneira como concebemos e criamos as representações de mundo...A temática existencialista pode apresentar uma via de apropriação de parte do discurso de compreensão, mas não aborda o que é verdadeiramente desconhecido para nós...o devenir, porque ele se faz em multiplicidades quânticas que, por muitas vezes, nem acesso cognitivo temos...ainda...

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Obrigada pelo comentário!