Realmente era só o que faltava... Está rolando no Senado um projeto de lei que transfere a atribuição do ensino superior para Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação.
De acordo com a matéria do Estadão, o senador Cristovam Buarque, autor do projeto de lei, aponta dois argumentos (pelo menos é o que está na nota):
- "Hoje, 70% do que a União investe em educação vai para o ensino superior.
Com um ministro cuidando apenas da educação básica, isso vai mudar."
- os alunos do ensino superior se mobilizam mais do que os do ensino básico
Acho que dessa vez ele pisou na bola... Alguns dos motivos:
Com alteração de ministério, fica explicita a valorização do desenvolvimento científico na área de ciências tecnológicas, ou seja, alimenta-se o mercado dos subprodutos tecnológicos. E neste caso, o que será do desenvolvimento das ciências humanas e sociais aplicadas?
Além disso, saindo a educação superior, é claro que os recursos diminuem... Em quanto? Neste caso, pode haver a justificativa de redução drástica tendo em vista que o ensino superior tinha custos altos.
Mais um outro ponto a se considerar é o que há de recursos no Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação de modo a assumir o ensino superior... E volto a questionar, o que será das ciências humanas e sociais aplicadas? Só falta dizer que os cursos da área de saúde serão agora vinculados ao Ministério da Saúde...
Ah! E ainda, o Estadão foi bastante tendencioso... A comissão não retirou a responsabilidade do MEC em relação ao ensino superior... Na verdade, há uma tentativa de fazer isso!!!
Enfim, os argumentos não são fortes o suficiente e há muito a ser questionando, principalmente porque avançam para um desmantelamento da pesquisa pela pesquisa, desvinculada de interesses privados e muito menos do capital.
As notas que saíram no Estadão:
- Para senador, divisão do MEC fortaleceria ensino básico
- Comissão do Senado retira do MEC responsabilidade pelo ensino superior
quinta-feira, 29 de setembro de 2011
quarta-feira, 28 de setembro de 2011
Estratégias de persuasão em publicidade infantil
Essa vale reproduzir... Para pensarmos mais um pouco na necessidade de discutir como nossos alunos, ainda que pareçam pequenos para tais discussões, sobre a influência da propaganda.
---------------
Psicologia
Pesquisa mapeia estratégias de persuasão em publicidade infantil
Francisco Brasileiro
Da Secretaria de Comunicação da UnB
Pais de crianças pequenas precisam ficar atentos ao modo como as propagandas influenciam seus filhos. Estudo da Universidade de Brasília identificou 21 estratégias para convencer os pequenos a comprarem produtos em 54 propagandas exibidas durante intervalos de um programa infantil de grande audiência. Mais da metade dos anúncios eram de brinquedos, mas havia também de roupas e lanchonetes. A pesquisa entrevistou ainda 691 pais de crianças de até 12 anos e constatou que a maioria acredita que os próprios filhos são muito menos influenciáveis às táticas do que os filhos dos outros.
Uma das perguntas do questionário pedia que eles classificassem os próprios filhos, os filhos de amigos e os filhos de outros com relação ao grau que a publicidade influencia o consumo das crianças. Em uma escala que variava de 1 (não influencia) a 10 (influencia totalmente) a média das respostas ficou em aproximadamente cinco no primeiro caso, sete no segundo e oito no último. “As questões incluíam perguntas sobre quanto de mesada os filhos ganhavam e as influências positivas e negativas que eles vêem na exposição dos filhos à televisão”, explica o psicólogo Fábio Iglesias, coordenador do estudo. Segundo ele, um resultado mais completo – com 1,5 mil pais – será divulgado antes do próximo dia das crianças.
ANÚNCIOS - A amostra completa de propagandas analisadas incluiu também os anúncios que se repetiram durante as duas semanas anteriores ao dia das crianças do ano passado – o que totaliza 182 peças. As táticas associação, controle do fluxo de informação, justificativas placebo, apelo vívido, distração e humor positivo apareceram em todas, mas ficaram de fora da análise. “A nossa ideia foi fazer uma comparação entre as propagandas, por isso não fazia sentido usar essas, que foram iguais para todos”, explica Stela Lemos, aluna do curso de psicologia que participou do estudo. Dentre as demais se destacaram as de definição de critério de decisão, consenso social, contar uma história e modelagem social.
Para identificar as estratégias a equipe partiu de uma lista de táticas pré-definidas na literatura especializada. A análise foi repetida duas vezes: uma feita por Stela em parceria com o professor Fábio e outra realizada por Lucas Caldas, também aluno da psicologia. “Depois confrontamos as duas análises e fizemos as modificações necessárias”, conta Stela.
Para o professor Fábio, a pesquisa vem acrescentar conhecimento ao debate. “Se fala muita besteira sobre o assunto e ainda existem poucos estudos”, afirma. “Com dados como esse, é possível orientar a criação de políticas públicas para a área”. Ele acredita que a culpa pelo consumo desenfreado entre as crianças não deve ser colocada inteiramente na publicidade. “Vários fatores influenciam, é preciso saber, por exemplo, como a criança está na escola ou se está assistindo muita televisão”, pondera.
O estudo foi financiado por uma parceria da Agência de Notícias dos Direitos da Infância (ANDI) com o Instituto Alana.
---------------
Psicologia
Pesquisa mapeia estratégias de persuasão em publicidade infantil
Francisco Brasileiro
Da Secretaria de Comunicação da UnB
Pais de crianças pequenas precisam ficar atentos ao modo como as propagandas influenciam seus filhos. Estudo da Universidade de Brasília identificou 21 estratégias para convencer os pequenos a comprarem produtos em 54 propagandas exibidas durante intervalos de um programa infantil de grande audiência. Mais da metade dos anúncios eram de brinquedos, mas havia também de roupas e lanchonetes. A pesquisa entrevistou ainda 691 pais de crianças de até 12 anos e constatou que a maioria acredita que os próprios filhos são muito menos influenciáveis às táticas do que os filhos dos outros.
Uma das perguntas do questionário pedia que eles classificassem os próprios filhos, os filhos de amigos e os filhos de outros com relação ao grau que a publicidade influencia o consumo das crianças. Em uma escala que variava de 1 (não influencia) a 10 (influencia totalmente) a média das respostas ficou em aproximadamente cinco no primeiro caso, sete no segundo e oito no último. “As questões incluíam perguntas sobre quanto de mesada os filhos ganhavam e as influências positivas e negativas que eles vêem na exposição dos filhos à televisão”, explica o psicólogo Fábio Iglesias, coordenador do estudo. Segundo ele, um resultado mais completo – com 1,5 mil pais – será divulgado antes do próximo dia das crianças.
ANÚNCIOS - A amostra completa de propagandas analisadas incluiu também os anúncios que se repetiram durante as duas semanas anteriores ao dia das crianças do ano passado – o que totaliza 182 peças. As táticas associação, controle do fluxo de informação, justificativas placebo, apelo vívido, distração e humor positivo apareceram em todas, mas ficaram de fora da análise. “A nossa ideia foi fazer uma comparação entre as propagandas, por isso não fazia sentido usar essas, que foram iguais para todos”, explica Stela Lemos, aluna do curso de psicologia que participou do estudo. Dentre as demais se destacaram as de definição de critério de decisão, consenso social, contar uma história e modelagem social.
Para identificar as estratégias a equipe partiu de uma lista de táticas pré-definidas na literatura especializada. A análise foi repetida duas vezes: uma feita por Stela em parceria com o professor Fábio e outra realizada por Lucas Caldas, também aluno da psicologia. “Depois confrontamos as duas análises e fizemos as modificações necessárias”, conta Stela.
Para o professor Fábio, a pesquisa vem acrescentar conhecimento ao debate. “Se fala muita besteira sobre o assunto e ainda existem poucos estudos”, afirma. “Com dados como esse, é possível orientar a criação de políticas públicas para a área”. Ele acredita que a culpa pelo consumo desenfreado entre as crianças não deve ser colocada inteiramente na publicidade. “Vários fatores influenciam, é preciso saber, por exemplo, como a criança está na escola ou se está assistindo muita televisão”, pondera.
O estudo foi financiado por uma parceria da Agência de Notícias dos Direitos da Infância (ANDI) com o Instituto Alana.
sábado, 17 de setembro de 2011
A escola e a relação entre pais e filhos
Um vídeo que vale muito a pena ser assistido no site Webfilhos é o Relação entre pais e filhos. O vídeo trata do afeto e atenção dados às crianças no primeiro ano de vida! Muito bacana mesmo!
A abordagem do vídeo aqui no blog não é porque está associado diretamente à sala de aula, mas porque acho que as Crianças Terceirizadas, título do livro do entrevistado, têm uma relação diferenciada com a educação formal.
No meu entender, para essas crianças, a escola é um espaço onde há atenção e disposição para estabelecimento de relações e por isso extravasam suas necessidades afetivas em sala de aula. E não é difícil observar isso... Quantos de nós professores não tivemos de lidar e continuamos lidando com crianças altamente carentes? E há quanto tempo isso tem sido percebido? Crianças que nos contam as coisas mais comuns, ou mesmo estranhas, esperando que possamos ser mais do que professores, esperando que possamos ser amigos, pais e mães.
Professores não são amigos, são professores. Agem intencionalmente em prol da história, do conhecimento, e, para isso, criam intencionalmente laços de cumplicidade em prol do aprendizado. Amigo é outra coisa!
Para se ter uma ideia do quanto as crianças têm sido negligenciadas, o Dr. José Martins Filho traz no vídeo alguns exemplos que partem o coração... Uma criança de cinco anos que diz que sai com os pais no final de semana; no "sábado para o shopping e no domingo para o mercado"!?!?!
São crianças que crescem e não sabem conversar, não entendem o ponto de vista alheio e por isso não entendem a contrariedade, não compreendem e por isso não se dispõem a ver o resto do mundo, não sabem o que é compartilhamento. A tristeza é que os pais que valorizam mais uma carreira, o consumo e o mercado, uma imagem a ser mantida, do que o humano que está ali e é muito mais carente! Ou será que nós adultos somos infantilizadamente carentes? E por isso incapazes de compreender os pequenos?
(Lembrei de um comentário dizendo que os filmes para adultos são tão estúpidos que os filmes para crianças os aprazem...rs... Ou será que nós adultos é que somos infantilizados?)
Enquanto assistia o vídeo, fiquei pensando que tem uma discussão na psicanálise de que o autismo está associado à falta de atenção da mãe nos primeiros meses de vida, isso porque o primeiro "outro" reconhecido pela criança é a mãe, é quem amamenta... O primeiro contato com o outro é o seio materno. Daí o autista não "reconhecer" o outro... Não sei da validade, nunca li, mas conversei sobre o assunto com quem estuda psicanálise e autismo. É algo a se pensar...
Mas nada disso justifica ausência do pai, muito pelo contrário. A importância de se sentir amado não depende de uma pessoa, mas do primeiro grupo no qual a criança se vê inserida: o grupo familiar. Se o grupo é coeso, tenta manter o equilíbrio, é assim que a criança crescerá, caso contrário...
Enfim, afeto na infância é uma discussão que dá pano pra manga...
Segue o vídeo para que cada um tire suas conclusões...
Relação entre pais e filhos
A abordagem do vídeo aqui no blog não é porque está associado diretamente à sala de aula, mas porque acho que as Crianças Terceirizadas, título do livro do entrevistado, têm uma relação diferenciada com a educação formal.
No meu entender, para essas crianças, a escola é um espaço onde há atenção e disposição para estabelecimento de relações e por isso extravasam suas necessidades afetivas em sala de aula. E não é difícil observar isso... Quantos de nós professores não tivemos de lidar e continuamos lidando com crianças altamente carentes? E há quanto tempo isso tem sido percebido? Crianças que nos contam as coisas mais comuns, ou mesmo estranhas, esperando que possamos ser mais do que professores, esperando que possamos ser amigos, pais e mães.
Professores não são amigos, são professores. Agem intencionalmente em prol da história, do conhecimento, e, para isso, criam intencionalmente laços de cumplicidade em prol do aprendizado. Amigo é outra coisa!
Para se ter uma ideia do quanto as crianças têm sido negligenciadas, o Dr. José Martins Filho traz no vídeo alguns exemplos que partem o coração... Uma criança de cinco anos que diz que sai com os pais no final de semana; no "sábado para o shopping e no domingo para o mercado"!?!?!
São crianças que crescem e não sabem conversar, não entendem o ponto de vista alheio e por isso não entendem a contrariedade, não compreendem e por isso não se dispõem a ver o resto do mundo, não sabem o que é compartilhamento. A tristeza é que os pais que valorizam mais uma carreira, o consumo e o mercado, uma imagem a ser mantida, do que o humano que está ali e é muito mais carente! Ou será que nós adultos somos infantilizadamente carentes? E por isso incapazes de compreender os pequenos?
(Lembrei de um comentário dizendo que os filmes para adultos são tão estúpidos que os filmes para crianças os aprazem...rs... Ou será que nós adultos é que somos infantilizados?)
Enquanto assistia o vídeo, fiquei pensando que tem uma discussão na psicanálise de que o autismo está associado à falta de atenção da mãe nos primeiros meses de vida, isso porque o primeiro "outro" reconhecido pela criança é a mãe, é quem amamenta... O primeiro contato com o outro é o seio materno. Daí o autista não "reconhecer" o outro... Não sei da validade, nunca li, mas conversei sobre o assunto com quem estuda psicanálise e autismo. É algo a se pensar...
Mas nada disso justifica ausência do pai, muito pelo contrário. A importância de se sentir amado não depende de uma pessoa, mas do primeiro grupo no qual a criança se vê inserida: o grupo familiar. Se o grupo é coeso, tenta manter o equilíbrio, é assim que a criança crescerá, caso contrário...
Enfim, afeto na infância é uma discussão que dá pano pra manga...
Segue o vídeo para que cada um tire suas conclusões...
Relação entre pais e filhos
terça-feira, 6 de setembro de 2011
Onde dormem as crianças?
Adoro fotografia... Acho que falam por mil palavras... Tanto em relação ao subjetivo, quanto em relação ao racional. O tempo tem um outro formato, assim como a imagem...
E, exatamente por isso, achei interessante compartilhar o link do livro Where Children Sleep de James Mollison.
Como não poderia ser diferente, as imagens são lindas e mostram muitas realidades... As cores, as sombras as perspectivas, os olhares das crianças, suas roupas... Tudo compõem uma amostra dos locais onde essas crianças dormem, algo como uma volta ao mundo... Mas nada comparado à perspectiva do filme Home de Yann Arthus-Bertrand (2009) e que é realmente uma volta ao mundo - aliás, que não assistiu esse filme, vale muitíssimo a pena!!! É lindo e de trilha sonora igualmente linda, somado a uma sacudidela em nossos egos e nessa nossa visão obliterada de consumo. Tirou-me lágrimas... Mas, essa é outra história...
Voltando às fotografias... Apesar das belas fotos e o incomodo do que representam - a marginalidade expressa por meio dos locais onde as crianças dorme - fica também a dúvida do que o autor realmente queria.
É fato que uma volta ao mudo daria muito mais imagens e seria muito oneroso. Entretanto, de 56 (acho) crianças mostradas, 6 são brasileiras, das quais 1 de tribo indígena no Amazonas, 5 das favelas e ruas do Rio de Janeiro. Nada animador, claro! Será que é uma visão unilateral, simplista? Se fosse para buscar os regionalismos porque não olhar também para uma comunidade quilombola ou um acampamento do MST. São realidades que compõe o Brasil. Além do que, se não me engano, as comunidade indígenas ainda têm o hábito de dormir em redes, o que não foi mostrado na imagem.
Fora isso, o texto que acompanha a imagem é notadamente capitalista. A comunidade tem apenas um carro! E qual é o problema?? Existem outras formas de se locomoverem! Fala sério!! O que não foi dito é que a comunidade se entende muito melhor do quem mora, como eu em um condomínio com 96 apartamentos.
Enfim, não podemos esquecer que existem outras perspectivas, outras cidades e outros países, aliás, cujo mundo de fantasia não é absoluto e muito menos ideal!
O link do livro para que cada um tenha a sua opinião!
http://issuu.com/chrisboot/docs/where_children_sleep_by_james_mollison
E, exatamente por isso, achei interessante compartilhar o link do livro Where Children Sleep de James Mollison.
Como não poderia ser diferente, as imagens são lindas e mostram muitas realidades... As cores, as sombras as perspectivas, os olhares das crianças, suas roupas... Tudo compõem uma amostra dos locais onde essas crianças dormem, algo como uma volta ao mundo... Mas nada comparado à perspectiva do filme Home de Yann Arthus-Bertrand (2009) e que é realmente uma volta ao mundo - aliás, que não assistiu esse filme, vale muitíssimo a pena!!! É lindo e de trilha sonora igualmente linda, somado a uma sacudidela em nossos egos e nessa nossa visão obliterada de consumo. Tirou-me lágrimas... Mas, essa é outra história...
Voltando às fotografias... Apesar das belas fotos e o incomodo do que representam - a marginalidade expressa por meio dos locais onde as crianças dorme - fica também a dúvida do que o autor realmente queria.
É fato que uma volta ao mudo daria muito mais imagens e seria muito oneroso. Entretanto, de 56 (acho) crianças mostradas, 6 são brasileiras, das quais 1 de tribo indígena no Amazonas, 5 das favelas e ruas do Rio de Janeiro. Nada animador, claro! Será que é uma visão unilateral, simplista? Se fosse para buscar os regionalismos porque não olhar também para uma comunidade quilombola ou um acampamento do MST. São realidades que compõe o Brasil. Além do que, se não me engano, as comunidade indígenas ainda têm o hábito de dormir em redes, o que não foi mostrado na imagem.
Fora isso, o texto que acompanha a imagem é notadamente capitalista. A comunidade tem apenas um carro! E qual é o problema?? Existem outras formas de se locomoverem! Fala sério!! O que não foi dito é que a comunidade se entende muito melhor do quem mora, como eu em um condomínio com 96 apartamentos.
Enfim, não podemos esquecer que existem outras perspectivas, outras cidades e outros países, aliás, cujo mundo de fantasia não é absoluto e muito menos ideal!
O link do livro para que cada um tenha a sua opinião!
http://issuu.com/chrisboot/docs/where_children_sleep_by_james_mollison
Assinar:
Postagens (Atom)