segunda-feira, 10 de março de 2014

Quem sou eu?

Noutro dia me fizeram esse pergunta...
Como sempre, esse tipo de pergunta uma merece resposta elaborada, mas como o momento era diverso e a conversa tinha um ar filosófico, na hora disse que era meu trabalho. A pessoa refez a pergunta, disse que não era isso que ela tinha perguntado e então a discussão começou...

Após enveredarmos por caminhos diversos ao longo da conversa, mesmo passando pelas teorias sobre alma e física quântica, o assunto vagarosamente mudou o foco e coisa ficou por isso mesmo.

Contudo, com a pergunta me cutucando vez ou outra, por mais que eu tentasse desviar, mudar o foco ou os argumentos, as respostas levavam à mesma conclusão: sou o meu trabalho.

De fato, quando pensamos em trabalho, via de regra é no trabalho árduo, suado, braçal, o trabalho para o qual a postergação merece punição e que bem feito merece agrado, ou melhor salário, o trabalho que ninguém quer fazer e que é enfadonho ou dificultoso é que é lembrado. Um trabalho "feio". Mas o meu trabalho não é esse.

Não sei se é a fase que vivo hoje, plena o suficiente para afirmar isso, mas estou exatamente onde gostaria de estar e fazendo algo com o que realmente me importo. Pode ser que seja uma ilusão, uma das realidades em um universo paralelo qualquer. Porém, para mim, hoje isso é suficiente para afirmar que sou meu trabalho.

E não falo apenas de trabalho no sentido labutar, não... Meu trabalho hoje é o que Charles Mills chamaria de artesanal, é o que Joseph Campbell diz estar atrelado à imagem mítica do herói, é aquilo que Marx chama de trabalho. Privilegiada? Não sei. Sortuda? Não sei. Abençoada? Se estiver trazendo um viés religioso, definitivamente, não.

De fato, nos últimos oito anos minha vida mudou devido a uma decisão arriscada. Mudou também por outra decisão arriscada há uns cinco anos. Mudou também devido a outra decisão tomada há seis meses atrás... Na verdade, todas as vezes em que me arrisquei, em que abri mão de comodidades que na verdade me incomodavam o que não estavam alinhadas com o meu artesanato, com meu herói mítico ou com minhas prévias ideações, todas essas vezes convergiram para o hoje. Não é resultado de uma decisão apenas, mas de várias, de anos de trabalho em locais que me fizeram mal, mas me fizeram crescer, de abdicação de situações, de oportunidades diversas. No entanto, nunca tive tanta certeza de que o caminho não poderia ter sido diferente... Com todos os contratempos, lágrimas e risos, todas as experiências - as boas e as ruins.

Então, se hoje me perguntarem quem eu sou, facilmente sairá: meu trabalho. Aquele no qual acreditei e que só continuo fazendo por acreditar.

É... Como eu gostaria, de todo o meu coração, que as pessoas trabalhassem assim! Reconhecendo que o lugar em que estão é fruto de nada menos que o próprio trabalho - árduo, mas nem por isso menos prazeroso...

quinta-feira, 6 de março de 2014

Sugestão para avaliação de vídeos e livros

Mais um papel por aí... Desta vez sobre avaliação de filmes.

1. As intenções da direção e o pano de fundo sociopolítico
- É possível perceber o estilo do(a) diretor(a) pelo que é mostrado no filme?
- É uma história real? É uma fantasia? De que maneira isso é apresentado?

2. O conteúdo
- O filme denuncia algo? O quê?
- Identifique as cenas, imagens ou diálogos que comprovam essas ideias.
- De que maneira estão relacionados o conteúdo do filme e o tema que você está trabalhando na aula de ...?
- Esse filme causa mais impacto ao seu pensamento, ao seu sentimento ou aos dois? Por que?

3. A qualidade
- É um bom filme? Por que?
- Identifique os elementos que justificam seu julgamento: imagens, atores, roteiro, ritmo, trilha sonora, figurino etc.
- Identifique o estilo do filme (comédia, drama, ação, suspense, ficção científica etc). Dentro do estilo, é um bom filme? Por que?

4. Sua interação com o filme
- Foi prazeroso assistir ao filme? Por que?
- Pode-se dizer que ele lhe trouxe contribuições? De que tipo?
- Que elementos facilitaram e que elementos dificultaram sua interação com o filme? Por que?

Depois fiquei pensando que esse material pode ser facilmente adequado a avaliação de um livro. Algo que em breve farei com meus pequenos.

Aliás, compartilhando, daqui umas semanas, trabalhando com o tema exploração espacial e tecnologias, as crianças terão uma lista de livros de Julio Verne para escolher um livro e lê-lo. Isso significa que cada criança lerá um livro. Após quinze dias, será feito um sorteio em sala para que, dentre as crianças que leram um ou outro livro, apenas uma apresente cada um dos livros para a turma. Vamos ver como irá ficar... Enquanto isso a prof aqui vai ler todos os livros da lista!

Enfim, segue uma avaliação adaptada para livro que ficaria, no mínimo, diferente daquelas fichas literárias terríveis (obvio que não sou professora de língua portuguesa, né?):

1. As intenções do(a) autor(a) e o pano de fundo sociopolítico
- É possível perceber o estilo do(a) autor(a) pelo que é mostrado no livro?
- É uma história real? É uma fantasia? De que maneira isso é apresentado?

2. O conteúdo
- O livro denuncia algo? O quê?
- Identifique as cenas, imagens ou diálogos que comprovam essas ideias.
- De que maneira estão relacionados o conteúdo do livro e o tema que você está trabalhando na aula de ...?
- Esse filme causa mais impacto ao seu pensamento, ao seu sentimento ou aos dois? Por que?

3. A qualidade
- É um bom livro? Por que?
- Identifique os elementos que justificam seu julgamento: personagens, enredo, ritmo, ambiente, foco narrativo etc.
- Identifique o estilo do livro (comédia, drama, ação, suspense, ficção científica etc). Dentro do estilo, é um bom livro? Por que?

4. Sua interação com o livro
- Foi prazeroso ler o livro? Por que?
- Pode-se dizer que ele lhe trouxe contribuições? De que tipo?
- Que elementos facilitaram e que elementos dificultaram sua interação com o livro? Por que?

Autoestima - pequeno questionário

Autoestima é algo curioso. Por vezes estamos com ela em um "equilíbrio", às vezes ela está alta, às vezes baixa. Como professora, penso muitas vezes no reflexo disso em sala de aula, onde a questão se torna, digamos, tensa. São várias cabeças pensantes, estados de humor, frustrações, alegrias e tristezas, noites bem ou mal dormidas... Enfim, muita gente em um mesmo espaço, a princípio, para compartilhar a troca das mesmas ideias mas com as cabeças em lugares variados.

Remexendo em umas folhas velhas, encontrei um pequeno questionário e lembrei como toda essa celeuma humana por ser conflituosa é engrandecedora, trazendo também uma imensa responsabilidade. Como cada um é cada um (rs...) devemos levar a sério a questão da autoestima.

Foi por isso que decidi compartilhar esse material. Não lembro de onde veio, quem me deu, nem desde quando está guardado, então, tomo a liberdade de compartilhar, mas se o autor aparecer e achar ruim, retiro daqui imediatamente.

A ideia é que cada criança responda um questionário sendo possível tanto avaliar quanto estimular sua autoestima - a que ajuda também numa autoavaliação do professor.

Para cada questão, a criança tem que responder Sempre, Algumas vezes ou Raramente.

1. Sou pontual
2. Sou responsável
3. Sinto muito orgulho de mim
4. Gosto de estudar
5. Sinto-me bem na escola
6. Compartilho meus sentimentos com outras pessoas
7. Gosto de estar com minha família
8. As pessoas responsáveis por mim me entendem
9. Comunico-me com facilidade
10. Sei ouvir os outros
11. Peço ajuda a outros quando estou na pior
12. Sou indeciso ao fazer uma opção
13. Sou uma pessoa frustrada
14. Eu me amo
15. Demonstro carinho pelos outros
16. Controlo minha vida
17. Meus amigos têm influência sobre mim
18. Sou chato, amargo, triste
19. Sinto que meus amigos me querem bem
20. Gosto de me divertir
21. Sinto que meus pais me amam

Mas repare que nem todas as questões têm como resposta ideal Sempre! A 17 é um exemplo.
Penso que é um instrumento bastante útil, principalmente com os menores.